domingo, 11 de maio de 2014

DECIFRANDO A MAÇONARIA



Em um salão, senhores conversam sobre atualidades e amenidades. A noite termina com um jantar descontraído, alguns até acompanham a novela de relance. Normal, não fossem os chapéus e aventais com símbolos milenares, as colunas gregas e as imagens de sóis e luas. Mas, além das roupas e da decoração esquisitas, há uma diferença mais importante. Todos têm compromisso de ajudar uns aos outros, e vários têm como: são empresários, advogados, formadores de opinião. Por falar em opinião, tudo que é debatido ali fica entre aquelas 4 paredes - sem janelas, como toda loja maçônica. 

A maçonaria pode não ter mais a influência de quando liderava revoluções e fundava países, mas continua atiçando a imaginação. Sabe-se que para entrar no clube é preciso ser homem e acreditar em algum deus, e pouco mais que isso. O maior best seller de 2009, O Símbolo Perdido, de Dan Brown, joga com essa curiosidade, decifrando quebra-cabeças maçons espalhados por Washington (resumo comentado na pág. 72). 

Conforme esperado, a 3ª aventura de Robert Langdon (herói dos romances Anjos & Demônios e O Código Da Vinci) obteve ótimas vendas e péssimas resenhas. Mas há uma crítica nova: dessa vez, Brown é acusado de não revelar tudo o que sabe. Uma colunista do New York Times insinuou que o autor teria sido silenciado pela sociedade secreta. Será que a maçonaria tem poder para amedrontar o maior vendedor de livros do mundo? E que mistérios ela teria para revelar? 

A aura de mistério acompanha os maçons desde a sua origem. Origem, aliás, que vem sendo criativamente recuada: alguns maçons incluem entre seus antecessores guerreiros das cruzadas, arquitetos do templo do rei Salomão e até os egípcios responsáveis pelas pirâmides (importantíssimas em O Símbolo Perdido). Realmente, os maçons surgiram em canteiros de obras, mas já no fim da Idade Média, na Inglaterra. Daí o nome deles: mason - se diz "mêisson" - era o termo para pedreiro em inglês. 

Mas os pedreiros da época equivaliam a arquitetos, engenheiros, empreiteiros. Para não perderem a hegemonia na construção civil, militar e religiosa, eles mantinham em segredo os macetes da profissão, passados só aos aprendizes mais confiáveis e em ocasiões especiais. Com o tempo, essas aulas viraram fóruns, atraíram gente de fora e foram transferidas para locais chamados lodges (em português, "lojas"). Em 1717, 4 unidades se unificaram na Grande Loja de Londres. Surgia, oficialmente, a maçonaria. 


Estados Maçons da América Assim como muitos europeus, foi emigrando para a América que a maçonaria atingir o seu potencial. Na verdade, o grande "segredo" revelado no best seller de Dan Brown é consenso entre historiadores: em nenhum país a maçonaria foi tão importante quanto nos EUA. 

Para começo de conversa, os maiores acontecimentos que marcaram a independência do país foram decididos em lojas maçônicas. Em 1773, não foi de improviso que comerciantes jogaram caixas e caixas de chá no mar, em protesto contra impostos extorsivos dos ingleses. A "festa do chá" de Boston foi um evento organizado por irmãos. 

Nove dos 55 homens que assinaram a Declaração de Independência vinham da maçonaria, assim como um terço dos 39 que aprovaram a Constituição. Benjamin Franklin era maçom convicto, e George Washington, grão-mestre da Loja Alexandria, teria aparecido de avental cerimonial no lançamento da pedra fundamental da nova cidade. 

Por falar em capital, a cidade de Washington é cheia de referências à maçonaria. Algumas são forçadas: encontram-se compassos e estrelas no traçado das ruas de qualquer cidade - como é esclarecido já no 6º dos 133 capítulos de O Símbolo Perdido. Outras são explícitas: o tema "George Washington foi maçom" inspirou pinturas e esculturas, marcando presença nas portas do Senado e no teto do Capitólio. Além disso, como Robert Langdon confere ao longo de 12 horas movimentadas, a cidade tem pelo menos 17 edifícios com arquitetura típica da ordem - uma mistura de estilo grego e romano, sempre acompanhada de esquadros, compassos e letras G (de God, "Deus" em inglês). Entre eles, a agora célebre Casa do Templo (no original, House of the Temple), sede americana do Rito Escocês Maçônico, cenário do prólogo e do clímax do livro. 

Após o sucesso da independência americana, em 1776, a maçonaria passou a ditar o passo das mudanças do planeta. Ser maçom no final do século 18 e no começo do 19 era muito cool: um clube que reunia as mentes mais inquietas e influentes. 

Trazendo liberdade, igualdade e fraternidade no DNA, claro que a maçonaria estava na Revolução Francesa, em 1789. Os principais líderes, Danton e Robespierre, não eram da ordem, mas a Marselhesa foi composta na loja de Marselha. Em 1810, a maçonaria inspirou a criação da Carbonária, sociedade secreta que buscaria a independência da Itália. Três futuros libertadores da América, o chileno Bernardo O’Higgins, o venezuelano Simón Bolívar e o argentino José de San Martín, frequentavam a mesma loja em Londres, uma convivência que mudou um continente. "A maçonaria participou da independência de todos os países da América do Sul", diz Andrew Prescott, diretor de estudos da maçonaria da Universidade de Sheffield, na Inglaterra. 

O que inclui o Império Brasileiro, do início ao fim (ver quadro Pais do Brasil, na página 69). Em 1822, nossa independência de Portugal foi proclamada por um grão-mestre, dom Pedro 1º. E a Proclamação da República, em 1899, foi feita por outro, o marechal Deodoro da Fonseca. E os maçons continuaram atuantes durante a nossa República Velha, chegando inclusive à Presidência, com Nilo Peçanha e, na sequência, Hermes da Fonseca. 

Mundialmente, a ordem viveu uma crise a partir da década de 1930, quando seus membros mais à direita (fascistas) e à esquerda (comunistas) não vestiam mais o mesmo avental. Aliás, os maçons também estão entre as vítimas do Holocausto - entre 80 mil e 200 mil irmãos morreram em campos nazistas. 

Nos anos 50, a ordem chegou a ter uma filiação recorde nos EUA - até Fred e Barney, dos Flintstones, frequentavam uma paródia da maçonaria, o Clube dos Búfalos D’Água. Mas, a geração seguinte, dos babyboomers, não se interessou - as revoluções passaram longe das lojas. "Mas, mesmo onde não voltou a ter a influência de antes, a maçonaria nunca ficou irrelevante", diz o historiador alemão Jan Snoek, que pesquisa o tema na Universidade de Heidelberg. 


Prática da conspiração A lista de maçons poderosos ainda é grande. Entre os 6 milhões de membros no mundo estão o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, o príncipe Philip, o premiê italiano, Silvio Berlusconi, e até Al Gore, vice-presidente de Bill Clinton - um quase maçom, como você vê na página ao lado. O fato de haver nos EUA muitos políticos e juízes membros da maçonaria é explorado em O Símbolo Perdido: o vilão do livro ameaça colocar na internet um vídeo que flagra a elite de Washington em rituais maçônicos - se não abalasse os pilares da democracia, com certeza bombava no YouTube. 

É inegável que a maçonaria ainda possui membros influentes - o que não significa que ela ainda exerça influência. Um exemplo prático vem do Reino Unido, onde, a partir de 1997 todos os maçons trabalhando no sistema judiciário foram obrigados a declarar que eram membros da ordem. O argumento era de que a lealdade dos irmãos à irmandade poderia distorcer seu trabalho, e o público tinha direito de saber quem era maçom, para poder acompanhar sua conduta a partir desse fato. Em 12 anos, "nenhuma impropriedade ou má prática foi verificada por parte dos juízes pelo fato de eles serem maçons", declarou o secretário de Justiça inglês, Jack Straw, ele mesmo um apoiador da lei, que derrubou em 5 de novembro deste ano. 

E quanto à Nova Ordem Mundial? Para quem não está por dentro dessa teoria da conspiração, seria um governo único, que comandaria todo planeta e que estaria sendo planejado por maçons - ou pelos illuminati, ou pelos cavaleiros templários, pelo 4º Reich, enfim. Não há informações sobre os últimos 3 grupos, até porque não consta que eles existam. Isso é impedido pela própria forma como a maçonaria é organizada: as lojas maçônicas são independentes, abrigam irmãos com pontos de vista muito diferentes e não têm de onde tirar uma ação global coordenada. Ainda mais secreta. 

Na verdade, a grande mudança que espera quem entra na maçonaria não é no mundo, mas na própria vida. 


Maçom 24 horas Tudo indica que uma ditadura mundial não está nos planos, mas não se engane: todo maçom tem uma agenda. Se não secreta, certamente lotada. Mas, para a maioria dos membros, compensatória. 

As regras começam já na candidatura - geralmente posterior a um convite de um maçom. Não basta ter fé em um deus e cromossomo XY: é preciso ser maior de idade, ter endereço fixo e renda própria e declarar seus motivos para fazer parte da ordem (dica: "Li sobre vocês na SUPER e quis ver qual era" não vai levar longe). Se for casado, a patroa precisa estar de acordo. Se for homossexual, de acordo com as regras, não entra. 

Os maçons também pesquisam os amigos, o emprego e a vida financeira e policial do irmão em potencial. Depois de investigado por 6 meses a 1 ano, o nome é avaliado por toda a loja - e precisa ser aprovado por unanimidade. Aí basta participar da iniciação e prometer não revelar o que escutar - o tal pacto de silêncio da irmandade. 

O iniciante é reavaliado com frequência, e tem a obrigação de participar de uma reunião semanal, que ocupa uma noite inteira em dia útil. Para faltar, só por causa de trabalho ou de estudo, vai ser necessário pedir autorização. 

Além disso, as lojas maçônicas da mesma cidade se visitam, e é aconselhável participar de alguns desses momentos de intercâmbio. Isso para não falar de viagens mais longas, no caso de visitas a maçons de outros estados. E, a cada 3 anos, é preciso se envolver na votação para grão-mestre, coordenada por um Tribunal Eleitoral Maçônico. 

Tem mais: cada loja cobra uma mensalidade que, em São Paulo, gira em torno R$ 150. Motivo: toda loja tem um fundo de amparo que cobre despesas inesperadas de irmãos. O fundo também funciona como uma previdência paralela: viúvas de maçons recebem pensão mensal. 

Nos fins de semana, os maçons ainda fazem trabalho voluntário nas instituições mantidas pela ordem - na maioria dos casos, creches e hospitais. Esse é o momento em que levar a esposa e os filhos não só é possível como recomendável. "Chamamos as esposas dos irmãos maçons de cunhadas e os filhos de sobrinhos", diz o aposentado baiano Paulo Borges, maçom em Salvador há 15 anos. É comum que um irmão em dificuldade seja socorrido a qualquer hora por outros maçons. Ótimo quando é você quem precisa, mas significa que o celular precisa estar ligado o tempo todo. 


Clube de vantagens Os irmãos garantem que dá um gás na autoestima: sentem-se parte de um clube exclusivíssimo, que seleciona seus membros com rigor. "A sensação de ser aceito depois de meses de investigação é muito boa. E a cerimônia de iniciação é um dos momentos mais gratificantes e emocionantes da vida de um maçom", afirma o empresário Adriano Aparecido Moraes, maçom há 19 anos, de Sorocaba. A loja aparentemente até transforma o comportamento: "Eu era muito temperamental, agressivo. Com a maçonaria, mudei", diz o baiano Paulo Borges. 

Bonito, bonito. Mas, além das recompensas psicológicas, há critérios mais palpáveis. "Não fosse a maçonaria, a gente não teria acesso a diretor da Polícia Federal, a funcionário público do alto escalão, a empresários que são possíveis clientes", diz Adriano. "Não é privilégio, porque o maçom deve corresponder às expectativas profissionais. Mas ajuda bastante, cria oportunidades." 

Um maçom do Rio de Janeiro, que prefere se manter anônimo, afirma: "Se o maçom é vendedor e o comprador da empresa é irmão, ele vai ser atendido mais rápido. Conheço filhos de maçons que, graças aos contatos do pai, conseguiram estágios em empresas com irmãos na diretoria". E conclui: "Claro, o talento é o que consolida profissionalmente, mas a maçonaria abre portas em todos os lugares". 

Em uma grande metrópole, onde as relações de poder são mais diluídas, as amizades da loja talvez não façam tanta diferença. Mas imagine o impacto desses contatos em uma cidade pequena, em que o delegado, o prefeito, o dono do jornal e o do supermercado são maçons. Na verdade, não precisa nem imaginar: em São Vicente, praia no litoral paulista ao lado de Santos, o ex-prefeito Márcio França disponibilizou um assessor maçom para atender as demandas da ordem. França hoje é deputado federal e líder do "bloquinho" (formado por PSB, PDT, PCdoB, PMN e PRB). 

A influência também se dá em outras esferas do Estado. Funcionários e pessoas ligadas à Petrobras se reúnem por todo o país em lojas maçônicas chamadas Monteiro Lobato - que não era maçom, mas disse que "o petróleo é nosso". Dizem que há dinheiro da empresa nisso, mas a Petrobras não confirma o envolvimento com os "irmãos monterianos", que fazem debates e ações junto a políticos em defesa do patrimônio nacional. 

Independentemente da ambição dentro da estrutura da maçonaria, é preciso manter a linha. Barracos, bebedeiras, adultério e prisões são inaceitáveis. "Temos o objetivo de fazer homens bons ser ainda melhores e levamos essa meta muito a sério", diz o maçom paulistano Fábio Amauchi, engenheiro de 37 anos. É esse conceito de "homens bons" que explica a recusa de gays, por exemplo. "Não se pode dizer que esse seja um bom costume", diz Fábio. 


Secretos não, discretos "Os maçons já foram secretos. Ao longo do século 20, passaram a se definir como discretos. Hoje, caminham para se tornar uma sociedade civil aberta", diz o ex-maçom britânico Martin Short, autor de Inside the Brotherhood, que critica a ordem. 

No entanto, a abertura da sociedade secreta mais conhecida do mundo incomoda alguns irmãos, que vêem a proliferação de sites, jornais e revistas como um afastamento das origens. De fato, hoje já é possível se candidatar a maçom por e-mail (apesar de que um convite pessoal é, de longe, a forma mais garantida de entrar). Em seu site, a Grande Loja Maçônica do Espírito Santo mantém uma Rádio Cultura Maçônica. E a página do Grande Oriente do Brasil, seção Rio de Janeiro, oferece um tour virtual pelo Palácio Maçônico do Lavradio. 

"Não existem mais segredos na maçonaria. Eles vêm sendo revelados lentamente", diz o historiador britânico W. Kirk MacNulty, maçom há 4 décadas. "Se existe algum segredo, ele é individual, intransferível - é a experiência dos rituais maçônicos. Como explicar o gosto de uma laranja para quem nunca a comeu?", diz o pesquisador alemão Snoek.Por outro lado, se faltam mistérios, sobram boatos. 

Que tal uma bancada macônica? Um grão-mestre garante que, nas últimas eleições para prefeitos e vereadores, a maçonaria no estado de São Paulo fez campanha interna para que maçons votassem e apoiassem candidatos maçons. Segundo ele, deu certo: a maçonaria teria emplacado 13 prefeitos e 54 vereadores - ele só não diz quem e onde. Pretendem fazer o mesmo com deputados em 2010. 

E esta é internacional: em Israel, a Grande Loja de Tel-Aviv é um espaço de encontro de cristãos, judeus e muçulmanos. Apesar de a maçonaria ser contra discussões políticas nos templos, todos ali estão dispostos a encontrar soluções para os problemas milenares da região. "Só em um local fechado e completamente sigiloso esse tipo de reunião improvável pode acontecer regularmente", afirma o historiador alemão Jan Snoek, que pesquisa o tema na Universidade de Heidelberg. Ou seja: se qualquer plano de paz surgir daqui para a frente para resolver a questão entre israelenses e palestinos, é possível que haja o dedo da maçonaria. 

E o que os maçons acham de toda a curiosidade em torno da ordem? Em conversas privadas, reclamam muito dos livros, filmes e sites que prometem revelar seus segredos - de reportagens como esta também. Argumentam que o tratamento é injusto e exagera aspectos menos importantes. Nesse caso, a postura oficial é não se manifestar publicamente. 

Mas há uma corrente do "falem mal, mas falem de mim", da qual faz parte Christopher Hodapp, um americano ex-mestre maçom e autor de livros sobre maçonaria, grato ao que Dan Brown e outros fizeram pela ordem. "Tínhamos dificuldades para atrair novos membros. Assim, o interesse é renovado", diz. "De certa forma, a divulgação até ajuda, porque cria um fascínio que atrai muita gente para a ordem", diz Adriano Moraes. "Enquanto o mundo externo se preocupa excessivamente com detalhes pouco importantes, os verdadeiros mistérios estão bem guardados." 

sexta-feira, 9 de maio de 2014

O PODER DO CONHECIMENTO



Quanto mais sabemos, mais poder teremos. Poder no sentido mais amplo, não significando apenas “ser chefe”. Quem conhece mais escolhe melhor, pois possui mais subsídios e não se deixa levar pela primeira impressão dos fatos. Francis Bacon já preconizava: ”Conhecimento é poder.”

O aumento acentuado de escolas de ensino de 3º grau que vem ocorrendo nos últimos anos propiciou que muito mais pessoas tivessem acesso ao aperfeiçoamento; outros, porém, ficam para trás, pois acreditam que não faz diferença um curso superior. Costumam pensar assim aqueles que estão em condições inferiores na escala social e nas ocupações nas organizações. E é exatamente o oposto do que deveria acontecer. 

Cada vez mais as empresas, as instituições, o serviço público exigem um nível cultural e educacional maior de seus colaboradores. Mesmo para funções que até há pouco tempo eram ocupadas por pessoal não qualificado, hoje é exigido no mínimo conclusão do Ensino Médio. 

Chegar até uma faculdade e se formar, ainda mais se for em uma escola de primeira linha, não é fácil. É preciso passar pelo crivo nem sempre justo do vestibular, conseguir pagar as mensalidades e o material didático, além de se dedicar fortemente aos estudos. Mas essas dificuldades não devem ser motivo para desistência ou desculpa. Até porque tudo que é conquistado com esforço possui um sabor especial. 

Precisamos cultivar a inquietude. Nunca se dar por satisfeito com o que está pronto, com o que foi conquistado, com o que se tem. O saber precisa ser buscado a todo momento, em qualquer idade. Hoje só entramos na escola, não saímos mais, porque o nosso aprendizado nunca está completo. É preciso buscar sempre mais.

O ensino na forma tradicional é, ainda, a melhor maneira de alcançar o conhecimento. Porém, não é a única. Toda cidade possui uma biblioteca pública, mesmo que seja pequena e com poucas opções. O que custa passar duas horas por semana, por exemplo, pesquisando sobre assuntos do seu interesse? Ou sobre uma área que você percebeu que está crescendo em sua empresa? A internet é uma ferramenta importantíssima e que está ao alcance de todos; há cursos de aperfeiçoamento nas mais diversas áreas do conhecimento, basta que tenhamos vontade de progredir e buscar o que nos é oferecido. Quem domina o conhecimento está preparado para tomar as rédeas das situações e resolver os problemas quando eles surgem. 

Não há muito tempo, o mercado brasileiro tolerava pessoas sem educação formal, porque eram raros os profissionais que possuíam as características que se exigem hoje. O acesso à educação era ainda mais restrito do que é hoje, o que fazia com que as empresas valorizassem muito as experiências anteriores. 

Erra quem pensa que este quadro se mantém atualmente. Há pesquisas que apontam que mais de 55% dos profissionais especializados possuem, no mínimo, um curso superior. E que entre os gerentes mais de 45% fizeram uma pós-graduação. A pesquisa identificou também que, independentemente do nível hierárquico, os executivos estão cada vez mais investindo em seu conhecimento. 

Quanto antes você perceber a necessidade de saber mais sobre tudo, melhor. Nenhum conhecimento é inútil. Tudo, em algum momento da vida, pode ser útil. O caminho é ler, ler muito – desde jornais, revistas e livros, até bulas de remédio. Nunca se sabe qual será a área de atuação da empresa que vai fazer uma proposta a você amanhã. Além disso, converse com as pessoas, troque idéias. Aproxime-se de quem pode lhe transmitir experiências positivas, torne-se uma "esponja", absorvendo tudo o que está ao seu redor. Faça cursos, aprenda algo novo e recicle-se. 

Se o seu desejo é vencer no aspecto profissional e no pessoal, não poupe esforços para somar o máximo possível de conhecimento. O saber é a chave que abrirá as portas do seu sucesso. E tudo que você precisa é um pouco de esforço. Tente. Não é tão difícil como você pensa e o resultado valerá a pena. Deixe a preguiça e a acomodação de lado e vá à luta. Sucesso! 

Uma boa semana para todos.

quinta-feira, 8 de maio de 2014

O Iluminismo

A família iluminista

Acreditavam-se todos eles pertencer a uma só família, cujos membros espalhavam-se por Edimburgo, Nápoles, Filadélfia, Berlim, Milão ou Königsberg e, é claro, Paris. Eram os philosophes iluministas, escritores e livres-pensantes que organizavam-se ao redor de alguns dos mestres-pensadores da época, tais como Adam Smith, David Hume, Edward Gibbon, Diderot, o barão d'Holbach, Helvetius, o excêntrico filósofo Emanuel Kant e, evidentemente, em torno do "mestre" Jean-Jacques Rousseau e do seu rival , o "rei" Voltaire. Consideravam seus mentores espirituais os grandes pensadores do século anterior, tais como René Descartes, Isaac Newton e John Locke. Como em qualquer família, ocorriam desavenças entre eles. mas qualquer insinuação de prisão ou censura que pairasse sobre um dos seus integrantes, era o sinal para que os demais se mobilizassem na defesa do perseguido. Tornou-se célebre a afirmação de Voltaire que disse a um contendor seu: "Senhor, sou contra tudo o que vossa senhoria disse, mas defenderei até a morte o seu direito de dize-la".

A secularização da sociedade

Empenhava-se, essa estranha família de escritores das mais diversas nacionalidades, na propagação de um vasta e ambicioso programa comum: a secularização total da sociedade! Secularismo, humanismo, cosmopolitismo e liberdade em todo os sentidos, eram as bandeiras deles. O direito à liberdade de palavra, de expressão, de imprensa, também se estendia para eles à liberdade de comércio, à liberdade do empreendimento econômico, fora das intromissões da censura da Igreja e do Estado absolutista-mercantilista. Livres enfim, para que cada um, de acordos com os talentos nascidos ou adquiridos, encontrasse o seu próprio caminho de realização. Desprovidos em sua maioria de cátedras acadêmicas, tendo o púlpito e os padres como inimigos, quais foram os instrumentos que aquela confraria de homens de letras se serviu para difundir seus ideais e princípios? Porque, de certa forma, os Iluministas tiveram que buscar e ao mesmo tempo formar o seu próprio público. 

Para chegar até ele, para atingir o novo público cultivado (tanto de gente da nobreza como das classes burguesas) que gradativamente estava se formando na sociedade européia do século XVIII, recorreram intensamente à publicação e difusão de livros. Quando, devido à censura ou a uma queima judicial, recorriam à impressões clandestinas (feitas na Holanda ), depois as introduziam por contrabando em qualquer canto da Europa. Revelaram-se verdadeiros mestres em escrever panfletos, publicações que fizeram largo uso devido ao lado prático que eles tinham como veículo instantâneo de difusão de idéias. Daí boa parte da literatura deles, fosse em verso ou em prosa, estar carregada pelo estilo polêmico e apaixonado.


D'Alembert, Diderot, e a família iluminista
A Enciclopédia

O mais poderoso e duradouro de todos os instrumentos para a divulgação das Luzes - obra magna da propaganda iluminista - foi a edição da Enciclopédia, ou Dictionaire raisonné des sciences, des arts, et des métiers, dirigida por Jean Le Rond d'Alembert (entre 1751-54) e, em seguida, por Denis Diderot. Grandiosa publicação que se seguiu por vinte anos, até que, em 1772, o seu 17º volume encerrou a obra inteira. Fazendo com que, segundo Daniel Mornet, o século XVIII fosse "com toda a certeza....um século enciclopédico". Acertada sua impressão por meio de subscrições, a Enciclopédia ultrapassou largamente os seus 8.011 assinantes originais, virando leitura obrigatória entre os homens cultos do século. Foi uma obra consultada por uma quantidade inumerável de leitores por toda Europa e América incluída. 

Tratou-se de uma estupenda síntese do conhecimento científico, com grande ênfase nas artes mecânicas e na sabedoria prática das coisas da vida, servindo de modelo para todas as demais que a seguiram posteriormente. A predominância e gosto por temas seculares e o alto nível dos seus colaboradores - Diderot selecionou o supra sumo da elite intelectual (disse-lhes "É preciso examinar tudo, remexer tudo sem exceção e sem reserva") - fez da Enciclopédia o acontecimento editorial e intelectual do século. Entre os grandes nome arrebanhados por ele estavam Montesquieu (Leis), Lamarck (botânica), Helvetius (matemática), Rousseau (música), Buffon, Necker, Turgot, Mongez, além de artigos do barão d'Holbach, um ateu militante, e Voltaire(encarregado dos verbetes sobre Elegância, História, Espirito e Imaginação), num total de 139 colaboradores identificados. Talvez ela tivesse para o mundo burguês e industrial que então despontava, o mesmo significado que a Suma Teológica de São Tomás de Aquino teve para a Europa medieval.


O brilho da Verdade resultando da Razão e da Filosofia (alegoria Iluminista)
A intensa correspondência

O homem culto do século XVIII é acima de tudo um grande escritor de cartas. Havia uma verdadeira arte da epistolografia, atribuindo-se somente a Voltaire mais de 50 mil cartas! Como sabiam que mais tarde haveria interesse em publicá-las, cuidavam do estilo e da apresentação delas, como se fossem páginas ou capítulos de livros futuros. 

Por gostarem de trocar informações e colocar os outros integrantes da irmandade - la petit troupe - a par do que estavam fazendo ou pensando, elas, as cartas, converteram-se num veículo confiável, rápido, e, fundamentalmente, ao abrigo da censura. Tanto é que os americanos fizeram largo uso delas quando espalharam pelas Treze Colônias os Comitês de Correspondência, formados por ativistas da independência e simpatizantes da causa iluminista, entre eles, destacando-se acima de todos, Benjamim Franklin. Logo, pode-se afirmar que as cartas distribuídas pelos Comitês de Correspondência foram as sementes da Revolução Americana de 1776 

Aliás, foi por meio de uma das suas cartas, escrita a Hélvetius em 1763, que Voltaire canta a vitória do partido das luzes sobre os partidários da superstição e do obscurantismo. Dizia ela: "Essa razão que tanto perseguimos avança todos os dias [..] Os jovens se formam, e aqueles que são destinados aos lugares mais elevados desfazem-se dos infames preconceitos que aviltam uma nação. Sempre haverá um grande número de tolos, e uma boa multidão de patifes. Mas os pensadores, mesmo em número pequeno, serão respeitados [..] Esteja certo que tão logo as pessoas de bem se unam, nada mais poderá detê-las. É do interesse do rei, e do Estado, que os filósofos governem a sociedade... Chegou o tempo em que homens como você devem triunfar [...] Afinal, nosso partido já vence o deles em matéria de boa educação." - (Carta a Helvitus, em 15.9.1763) 

O que é SOCIOLOGIA ???

Sociologia é a ciência que estuda as relações entre as pessoas que pertencem a uma comunidade ou aos diferentes grupos que formam a sociedade.
É uma ciência que pertence ao grupo das ciências sociais e humanas. O objeto de estudo da sociologia engloba a análise dos fenômenos de interação entre os indivíduos, as formas internas de estrutura (as camadas sociais, a mobilidade social, os valores, as instituições, as normas, as leis), os conflitos e as formas de cooperação geradas através das relações sociais.
A sociologia estuda as relações formais e conceptuais da vida nas sociedades presentes e históricas. Ao tratar dos fatos e das realidades, não estabelece normas dos estados sociais e das propriedades e modos de conduta humanos, pois isto compete à filosofia e ética sociais. O termo sociologia foi consagrado por A. Comte, embora o conceito seja fruto do pensamento sócio-filosófico do iluminismo (por exemplo: em Montesquieu e Hobbes) e no idealismo alemão (por exemplo: Hegel).
A sociologia abrange várias áreas, existindo sociologia comunitária, sociologia econômica, sociologia financeira, sociologia política, sociologia jurídica, sociologia do trabalho, sociologia familiar, etc.
Através das pesquisas sobre os fenômenos que se repetem nas interações sociais, os sociólogos observam os padrões comuns para formularem teorias sobre os fatos sociais. Os métodos de estudo da sociologia envolvem técnicas qualitativas (descrição detalhada de situações e comportamentos) e quantitativas (análise estatística).
A sociologia surgiu no século XVIII como disciplina de estudo sobre as consequências de dois grandes acontecimentos, a Revolução Industrial e a Revolução Francesa, que causaram profundas transformações econômicas, políticas e culturais na sociedade daquele período.
O termo sociologia foi utilizado primeiramente com o filósofo francês Auguste Comte no seu Curso de Filosofia Positiva, em 1838, na tentativa de unificar os estudos relativos ao Homem, como a História, a Psicologia e a Economia. A corrente sociológica positivo-funcionalista, fundada por Comte, foi mais tarde desenvolvida por Émile Durkheim.
Outras importantes correntes sociológicas foram iniciadas por Karl Marx e Max Weber.
Os resultados da pesquisa sociológica não são de interesse apenas de sociólogos(as). Cobrindo todas as áreas do convívio humano — desde as relações na família até a organização das grandes empresas, o papel da política na sociedade ou o comportamento religioso —, a sociologia pode vir a interessar, em diferentes graus de intensidade, a diversas outras áreas do saber. Entretanto, os maiores interessados na produção e sistematização do conhecimento sociológico atualmente são o Estado, normalmente o principal financiador da pesquisa desta disciplina científica, e a sociedade civil organizada (movimentos sociais por exemplo).
Assim como toda ciência, a sociologia pretende explicar a totalidade do seu universo de pesquisa. Ainda que esta tarefa não seja objetivamente alcançável, é tarefa da sociologia transformar as malhas da rede com a qual ela capta a realidade social cada vez mais estreitas. Por essa razão, o conhecimento sociológico, através dos seus conceitos, teorias e métodos, pode constituir para as pessoas um excelente instrumento de compreensão das situações com que se defrontam na vida cotidiana, das suas múltiplas relações sociais e, consequentemente, de si mesmas como seres inevitavelmente sociais.

SÍMBOLOS MAÇONICOS




















Origem e primórdios do Rito Escocês Antigo e Aceite - o Discurso do Chevalier Ramsay



Andrew Michael Ramsay (1686-1743), também conhecido por Chevalier Ramsay, foi um teólogo e escritor escocês que viveu a maior parte da sua vida adulta em França, como jacobita exilado. Estudou teologia nas Universidades de Glasgow e Edimburgo, tendo-se graduado em 1707. Em 1708, foi viver para Londres, tendo-se relacionado com Isaac Newton, Jean (ou John) Desaguliers e David Hume.
Em 1710, estudou sob a orientação do filósofo místico François Fénelon, tendo-se, por influência deste, convertido ao catolicismo. Após a morte de Fénelon, em 1715, foi viver para Paris, onde se tornou amigo do Príncipe Regente de França, Philippe d'Orléans, que o fez, em 1723, Cavaleiro da Ordem de S.Lázaro de Jerusalém - o que motivou a sua futura designação por Chevalier Ramsay.
Defensor das pretensões jacobitas (de James Stuart) aos tronos de Inglaterra e Escócia, chegou a desempenhar, embora por breve espaço de tempo, as funções de tutor dos filhos de James Stuart, Charles Edward e Henry. Entre 1725 e 1728, viveu como hóspede convidado no Hotel de Sully, sob o patrocínio do Duque de Sully, e frequentou o clube literário parisiense Club de l'Entresol, onde se relacionou, entre outros, com Montesquieu.
Em 1727, publicou as Viagens de Ciro, que foi um grande êxito (um verdadeiro best-seller na época) e o tornou célebre na sociedade (o que, na época, equivalia a dizer: entre a nobreza) francesa.
Desde a introdução em França (através dos exilados jacobitas) da maçonaria que Ramsay nela se integrou.
Em 1737, sendo então Grande Orador em França, escreveu e proferiu, perante uma assembleia de nobres, o seu célebre Discurso pronunciado na receção de Maçons por Monsieur de Ramsay, Grand Orador da Ordem.
Neste discurso, Ramsay efetua uma ligação da Maçonaria às cruzadas. Veio a ser um dos discursos maçónicos mais divulgados e discutidos da História da Maçonaria. Nenhum outro recebeu alguma vez mais atenção. Nenhum outro teve, até agora, maior efeito no desenvolvimento dos eventos relativos à Maçonaria.
No entanto - e tal é hoje pacífico entre os historiadores da maçonaria - o que ele relatou não corresponde à realidade histórica. A Maçonaria não deriva dos Templários nem das Cruzadas e Ramsay sabia-o bem. Na ocasião, o seu propósito foi dar aos recém-iniciados uma razão para terem orgulho na Ordem. A sua Oração, por consequência, não foi um resumo histórico factual, antes uma narrativa alegórica sobre as suas origens. Foi essencialmente o discurso do idealista que ele era.
Assim, ele falou de uma ligação entre os Cruzados e os Maçons, afirmando que, depois das Cruzadas, o Príncipe Eduardo, filho de Henrique III de Inglaterra, tinha trazido de volta àquele país as suas tropas, que tomaram o nome de... Maçons. Acrescentou que, das Ilhas Britânicas, a Arte Real estava então a passar para França, que iria passar a ser a sede da Ordem (!) e continuou dizendo:
" As obrigações que vos foram impostas pela Ordem são as de proteger os vossos irmãos pela vossa autoridade, de os iluminar pelo vosso conhecimento, de os edificar pelas vossas virtudes, de lhes acudir nas suas necessidades, de renunciar a todo o ressentimento pessoal e de favorecer tudo o que possa contribuir para a paz e a unidade da sociedade."
Ramsay ligou a Maçonaria aos Cruzados, designadamente ingleses. Mas, ao contrário do que é correntemente afirmado, não é exato que tenha feito qualquer referência aos Templários. Este mito sobre um mito nasceu de um erro de Mackey, que tal afirmou na entrada dedicada à "Origem Templária da Maçonaria" na sua Enciclopédia da Maçonaria. Os grandes também se enganam, Mas os erros dos grandes acabam por ser divulgados como verdades...
Em nenhuma passagem do Discurso Ramsay sugeriu a criação de um novo rito, mas dele foi isso que veio a resultar. A Maçonaria tinha sido introduzida em França poucos anos antes, mas a nobreza francesa (o Povo, esse, simplesmente sobrevivia e só com a sua sobrevivência se preocupava), embora de algum forma fascinada, não acreditava que fosse possível que o ideário maçónico fosse originário de trabalhadores comuns, de mãos calejadas pelo trabalho de construção. Ramsay proporcionou-lhe uma resposta a essa desconfiança e um pretexto para que vissem a Maçonaria como digna de si: providenciou-lhe, à Maçonaria, nobres ancestrais!
Quase que de um dia para o outro, a nobreza e a intelectualidade francesa dedicaram-se a esta novidade, reformulando-a a seu gosto: em pouco tempo, mais de 1.100 graus foram inventados, agrupados em mais de cem ritos. A maior parte deles teve uma existência efémera, mas, entre os que sobreviveram, contavam-se os 25 graus do Rito de Perfeição, antecessor direto do Rito Escocês Antigo e Aceite.
O maçom Andrew Michael Ramsay, com o seu famoso Discurso, inadvertidamente mudou o curso da História da Maçonaria, ao inspirar a criação dos Altos Graus, daí vindo a ocorrer uma evolução que veio a culminar no Rito Escocês Antigo e Aceite.

Pensamento sociológico



Nos últimos anos, inúmeras têm sido as críticas à elaboração do conhecimento próprio das ciências humanas dentro da própria universidade. Também a imprensa - que veicula informações transmitidas pelas pesquisas de avaliação da produção acadêmica -, aponta o tempo demasiadamente longo que se leva para produzir resultados nos trabalhos realizados no campo das humanidades.

Todas essas críticas, que tomam como base os critérios de produção do conhecimento das ciências naturais, têm contribuído para que permaneça a questão sobre se as ciências sociais pertencem de fato ao ramo científico.

Parâmetros diferentes
O saber produzido pelas ciências humanas não corresponde a um saber científico, pois não atende aos requisitos delineados por uma específica visão de ciência, difundida a partir do século 19, feita sobre as características do conhecimento produzido pelas ciências naturais.

Todo o conhecimento que não atenda ao rigor do cálculo, à previsibilidade, à demonstração, aos métodos e técnicas de pesquisa baseados em processos quantitativos e de observação não são considerados científicos.

A definição de Comte
Subjaz a essa concepção, a ideia de ciência social que Augusto Comte defendia no século 19, de que a ciência da sociedade "apresente resultados indubitáveis e exprima verdades tão incontestáveis como as da matemática e da astronomia. É preciso também que a natureza dessas verdades seja de um certo tipo, (....) que partindo de leis mais gerais, das leis fundamentais da evolução humana, descubra um determinismo global."

Para Comte, "só há sociedade à medida que seus membros têm as mesmas crenças". Em Comte há, portanto, um determinismo global que deve ser buscado pela Sociologia, um determinismo que tem raízes na leis da evolução humana.

Vale ressaltar que a elaboração do conhecimento nas ciências humanas tem sua forma própria de constituir esse saber científico, baseada nas características dos seus objetos de estudo. É, portanto, um método muito diferente daquele praticado pelas ciências naturais.

Utilidade imediata
A discussão mais recente no mundo universitário diz respeito a uma produção acadêmica que atenda às demandas do mercado. A ideia é que a produção científica tenha utilidade imediata e que seja determinada externamente.

Com isso, questiona-se para que servem as ciências humanas, em especial as sociais, nesse contexto. Quando indagamos sobre a utilizade de um campo do conhecimento, já se incorporou a noção de que todo saber deve ter uma utilidade prática e de aplicação imediata.

Democratização das competências
Além da difusão de uma determinada concepção de ciência mediada pela lógica do mercado, conta o fato de que vivemos um tempo da banalização do conhecimento científico na área das humanidades, principalmente das ciências sociais. Todos sabem opinar sobre os objetos de estudo das diferentes áreas que compõem as ciências sociais.

Essa vulgarização foi alimentada pela "democratização das competências". Trata-se de uma discussão de que todos têm competência para discutir sobre política e sobre problemas sociais, pois esses temas fazem parte da realidade em que todos vivem.

Tais opiniões acerca dos problemas sociais e políticos trazem à tona um conhecimento superficial dessa realidade, em geral veiculado pela imprensa sem qualquer cuidado e reproduzido pelo imaginário social.

O que faz o cientista social
Todos podem falar dos problemas sociais que vivenciam. E devem fazê-lo, porque o aprofundamento dessas questões cresce com a discussão. Isso é necessário, mas não suficiente.

É preciso ter conhecimento teórico para formular análises das relações sociais, para analisar os discursos acerca da realidade social, compreendê-los e interpretá-los à luz de todo conhecimento já produzido a esse respeito. É exatamente isso que faz o cientista social.